Sô manezim...

Um recém contratado fiscal do receita federal, acabando de passar naquele tal concurso que todo mundo tenta, tenta, e é difícil parrái, resolveu mostrar serviço.

Descobriu que aqui na minha cidadezinha havia um comerciante, dono de uma dessas vendinhas onditemditudo, era proprietário de 4 fazendas de café, um prédio inteirinho em São Paulo, uma fazenda de cacau na Bahia, além de várias outras casas na cidadezinha aqui. (não é meu parente, juro, infelizmente, apesar de grande parte da cidade ser, RS.)

Ele achou muito estranho e resolveu investigar seu Mané da venda. Muito estranho um comerciante com uma pequena vendinha possuir tantos imóveis. Alguma coisa seu Manezim deveria estar fazendo. Saiu lá de Belzonti, rumou pra cá e foi "in loco" conhecer seu Manezim.

Chegando lá (aqui) se apresentou a seu Manezim, deu a famosa carteirada e foi logo querendo ver os livros, que Manezim mostrou prontamente. Vasculhou, fuçou, caçou e não achou nenhum trem errado. Tudo certim.

Sem entender nada foi abrindo o jogo e perguntando como seu Manezim conseguiria ter tantas propriedades, se ele só possuía aquela vendinha como fonte de renda declarada, e que venhamos, não daria pra faturar tanto, como ele mesmo comprovou lá nos livrim. Seu Manezim não se negou a responder e explicar:

- Óiqui fii, eu ganho meu dinheirim fazendo aposta sô.

- Então o senhor consegue seu dinheiro com o jogo ilegal?

- Não fii, com apostinha boba mêss, dessas di um contra um, como eu controcê. Se num anima di fazê uma? Assim ocê pode comprová! Ói, eu aposto derreá cocê que eu posso mordê meu ôi.

O fiscalzinho pensa, acha meio difícil perder e topa a parada. Mais do que depressa Manezim enfia o dedo dentro do olho, empurra pra fora, tira o olho esquerdo de vidro e põe na boca. Coloca o olho de novo no lugar e estende a mão já pedindo a grana. O fiscal tira o dinheiro do bolso, põe na mão de Manezim, mas ouve:

- Óiqui fii, ocê num qué dobra a aposta? Aposto vinti reá que eu mordo u otro ôi.

Nessa o moço se confundiu. "Não é possível, eu estou aqui conversando com o homem, ele está me vendo, não é possível que ele tenha dois olhos de vidro, nessa eu pego ele". Foi quando Manezim tirou o par de dentaduras e mordeu o olho direito.

- Tá certo seu Manoel, já vi que o senhor é muito esperto. Me convenceu que tem capacidade pra esse tipo de coisa, só não me convenceu que de dez em dez reais o senhor tenha conseguido tanto dinheiro.

- Aaaaa fii, mais eu num aposto di deis in deis não sô. Eu aposto é coisa de miião.

- O senhor aposta um milhão com essa brincadeira do olho? O senhor agora tá brincando comigo.

- Não fii, aposto outros trem. Óiqui pra cabá logo cuessa prosa vô aposta cocê um miião, porque eu sô capaiizz di jurá cocê tem morróidi.

O moço dá um salto pra trás. Olha bem nos olhos do Manezim e diz:

- Agora o senhor perde, porque eu tenho certeza absoluta que não tenho. Essa eu ganho.

- Bora intão, mais ói, num é assim, pra aposta um tanto dessi nóis vai carecê di testimunha. Bora fazê assim: O moço posa na pensão aqui da frente, por minha conta, e amanhã ao meidia nóis se encontra na praça, e lá o moço, na frente desse povim tudo vai te qui prová que num tem esse trem di morróidi.

O fiscal topou. Não pregou os olhos a noite toda. Afinal, no dia seguinte ele ganharia uma grana preta.

No dia seguinte, ao meio dia, a cidade inteirinha se reuniu em volta do coreto da praça principal. Em cima do coreto apenas seu Manezim já o esperava.

- Dia, gorinhamêss nóis vai vê se ocê tem o num tem o trem. Baxa as carça aí fii.

O fiscal obedeceu, ficou de quatro e lá de baixo todos acompanhavam batendo palmas a performance dos dois.

- Ara...ta me parecendo cocê num tem mêss sô. Mas to mei na dúvida. Careço di socá o dedo módi comprová.

- Ah não, isso não ta certo. Chame um médico que ele lhe dará o veredicto.

- Moço, nóis num precisô di médico nium quando fizemu as otra. O moço qué ganhá o miião o num qué?

- Tá bem. Faça

E seu Manezim não se fez de rogado, tuchou o trem dele (dedo) do trem do moço (olho de tundhera), virou, mexeu, cutucou e retirou.

- Mais num é mêss cocê num tem o trem fii. Taqui seu cheque, pópassá nu banco módi ritirá seu premiu.

O fiscal levantou as calças e saiu pulando de alegria. Gritando coisas do tipo: "UHUUUUL!!" "É NÓIS!!" "VIVAAAA!!".

- Mas seu Manoel, estou muito feliz porque ganhei, mas voltamos a estaca zero. Como o senhor me prova que ganha dinheiro dessa forma, se acabou de perder um milhão?

- Araaaa, isso é façi fii. Eu apostei cocê um miião que ocê tinha morróidi e perdi. Mais eu apostei treis miião cuesse povim tudo cocê tá vendo qui, quieu ia infiá o dedo no cu do primeiro fiscalzim mitido a besta qui viesse aqui módi menchê o saco. E mais um miião cuassua famiia tudinha qui mi disseru cocê num ia gostá. Eu disse cocê ia inté pulá di filicidadi...

Notas:

  1. Pro povim da minha cidade: Essa é uma obra de ficção, qualquer semelhança com nomes e fatos terá sido mera coincidência
  2. Pro povim da internet: Piada boa é piada reciclada, não existe piada velha, o que existe é gente velha que ja ouviu todas as piadas.
  3. Pros "Fiscais de posts que não tem o que fazer" : Essa piada eu escuto desde que tinha dez anos de idade mais ou menos. Com nomes diferentes, locais diferentes e o carai a quatro. Não dá pra saber se alguém ja postou isso antes nesse mundão véio sem fronteira que é a internet. Aposto que o que vocês tem é hemorróidas



Trem mais isquisito esse sô, catei do meu balaio mêss

 

2 Tricotada:

linda amei tem boas piadas e bons vidios continua asim linda esta mt bom mesmo e mt bom mesmo linda meus parabens linda bjs linda

essa me conhece mesmo, rs
me chamou de linda cinco vezes, deve ser minha vizinha pra me conhecer tão bem, rs

""O leitor que mais admiro é aquele que não chegou até a presente linha. Neste momento já interrompeu a leitura e está continuando a viagem por conta própria.""

Mário Quintana