vem pra roça ocê tamêm



Falar do sertão é bom
Terra seca
Gente falando alto e errado
Anunciando e prevendo
A chuva que talvez venha
Crianças e mulheres com pés no chão
Homens com a chibata pendurada na calça
Êta dor de farta seu moço

Farta a noite com sua lua dengosa
Farta as estrela para iluminar a festa
Farta a seresta pra dançar colado
e a fogueira vamo logo armando
Pra não fartar mais nada quando a lua chegar
Vida no sertão é assim mesmo
O amor que se desponta no coração dos moços
A menina que quer dar uma de santinha
mas se entrega logo nos braços de quem gosta
As estórias de lobisomem, mula sem cabeça e o escambal
As madrugadas e os cachorros latindo
O galo cantando antes do amanhecer
A seca castigando o povo
E o dia sendo vivido um por um
Deliciado como o mel da abelha
que foi pego na árvore pertim da casa de seu José
José,Maria e Filomena
Tem nomes mais comuns pra se ter na roça
Roça boa é assim
Tudo iguarzim
Usa candieiro e canta rima
Conta piada e ouve som a pilha

Nada melhor do que ir no riacho ver as mulher lavar roupa
Depois tirar o leite das vaca
e animar as crianças

Êta...nós da roça que é bom.


Me juraru pra eu que quem escreveu esse trem foi uma cumadi chamada Lu Rosário

Mas aqui na roça num tem só prosa e poesia não, tem répi tamêm



Trem mais isquisito esse sô, catei daqui ói: Sem Pudor. A muska catei do meu balaio mêss


 

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""O leitor que mais admiro é aquele que não chegou até a presente linha. Neste momento já interrompeu a leitura e está continuando a viagem por conta própria.""

Mário Quintana