mocinho e bandido
Uma vez assisti um filme policial na televisão. Em certo momento da trama, o cumpadi que fazia o papel de mocinho da estória invadiu a casa de outro cumpadi que por sua vez fazia o papel de bandido. Por sorte ou por azar, não sei bem, o bandido não estava. O mocinho se deparou com a esposa do bandido, com a qual o bandido era casado há mais de 20 anos e tinha um casamento feliz.
O mocinho prende a mulher, a coloca sentada em um sofá, e com a arma apontada pras fuças da cumadi pergunta sobre o paradeiro do bandido.
É nitido o sofrimento da mulher, sem entender nada do que se passava. Para ela o marido era o mocinho e o invasor o bandido, e ela torceu desesperadamente para que o bandido não chegasse. Ela olhava para os olhos do mocinho/bandido com um olhar misto de medo, desprezo e ódio.
Mas o bandido sem saber de nada chega a casa. Sua mulher tenta desesperadamente avisar da situação mas está sob a mira da arma do mocinho. Não tem jeito, sem perceber nada o bandido também é capturado pelo mocinho e é colocado sentado ao lado da esposa. Na ânsia de arrancar do bandido uma confissão o mocinho usa das mais variadas tentativas, todas em vão, enquanto o bandido sustenta sua inocência o quanto pode, sob os olhares da esposa: Complacência da para com ele, porque até então o julgava inocente; Ódio pelo mocinho, que para ela era o bandido.
Até que depois de tanto apanhar o bandido confessa seu envolvimento. Nisso os olhares da esposa agora são: De espanto, deve ser duro descobrir que o marido que ela julgava ser o mocinho era o bandido; De cumplicidade, afinal, mesmo tendo a culpa no cartório, ainda era aquele marido de mais de 20 anos; De medo com o que pudesse acontecer com seu marido bandido; De ódio e desprezo pelo mocinho, aquele sujeito os estava ameaçando com uma arma, dentro de sua própria casa, compreensivel.
O mocinho então tenta fazer o bandido confessar quem era o mandante do crime, o chefe, o cabeça da operação, mas o bandido se nega.
O mocinho encosta a arma no joelho do bandido que está sentado, e ameça atirar, deve doer muito um tiro no joelho. Além de que, é uma região que dependendo do estrago pode ficar inutilizada pro resto da vida. A esposa chora de medo e implora que o mocinho não faça isso. Pra surpresa de todos, o bandido, mesmo nessa situação, se nega a informar.
O mocinho percebe que o bandido prefere correr o risco de não andar mais a entregar a verdade. O mocinho resolve mudar de tática. Ele pensa: "Já vi que não vou conseguir nada assim, esse bandido é durão demais", e passa a ameaçar o que o bandido teria de mais valioso, a esposa.
O mocinho diz: "Agora tenho certeza que vc vai falar, porque se não falar eu vou matar sua esposa".
E o bandido olhando para os olhos da esposa responde: "Sinto muito".
Os olhares da esposa agora são de decepção...
Parece uma coisa boba, mais uma cena corriqueira em mais um filme policial. Mas não é. Me fez pensar um pouco.
O mocinho ela não conhecia, era apenas um bandido que tinha invadido sua casa, ameaçado ela e o marido mocinho, gritado, batido, um ser desprezível com atos desprezíveis. Ela não esperava nada dele.
O marido até então para ela, era o mocinho da estória, o homem com quem ela convivia ha muitos anos, a quem amou, respeitou e se dedicou. Dele sim ela esperava cumplicidade, compaixão e tudo mais.
O mocinho, apesar de ter batido nela, estar enfiando uma arma na sua boca, destruindo seus móveis, manchando seu nome, não a decepcionou.
As únicas pessoas que podem nos machucar e decepcionar são aquelas com quem a gente conta, em quem a gente confia, de quem a gente espera alguma coisa. Desconhecidos não nos decepcionam, a gente não espera nada deles. O português da padaria não vai me decepcionar se não aceitar meu cheque, nem tampouco o cara do posto de gasolina.
Mas pessoas a quem confiamos uma amizade, e olha que nem precisa ser um caso de amor, podem nos decepcionar as vezes com um simples olhar, ou melhor, a falta de expressão nele.
Este texto foi escrito com excesso proposital das palavras mocinho e bandido, talvez pra tentar mostrar que na verdade não importava quem era o mocinho ou o bandido. A ação pré-cena, que no filme determinava o papel de cada um, não foi determinante para o certo e o errado do momento.
O mocinho prende a mulher, a coloca sentada em um sofá, e com a arma apontada pras fuças da cumadi pergunta sobre o paradeiro do bandido.
É nitido o sofrimento da mulher, sem entender nada do que se passava. Para ela o marido era o mocinho e o invasor o bandido, e ela torceu desesperadamente para que o bandido não chegasse. Ela olhava para os olhos do mocinho/bandido com um olhar misto de medo, desprezo e ódio.
Mas o bandido sem saber de nada chega a casa. Sua mulher tenta desesperadamente avisar da situação mas está sob a mira da arma do mocinho. Não tem jeito, sem perceber nada o bandido também é capturado pelo mocinho e é colocado sentado ao lado da esposa. Na ânsia de arrancar do bandido uma confissão o mocinho usa das mais variadas tentativas, todas em vão, enquanto o bandido sustenta sua inocência o quanto pode, sob os olhares da esposa: Complacência da para com ele, porque até então o julgava inocente; Ódio pelo mocinho, que para ela era o bandido.
Até que depois de tanto apanhar o bandido confessa seu envolvimento. Nisso os olhares da esposa agora são: De espanto, deve ser duro descobrir que o marido que ela julgava ser o mocinho era o bandido; De cumplicidade, afinal, mesmo tendo a culpa no cartório, ainda era aquele marido de mais de 20 anos; De medo com o que pudesse acontecer com seu marido bandido; De ódio e desprezo pelo mocinho, aquele sujeito os estava ameaçando com uma arma, dentro de sua própria casa, compreensivel.
O mocinho então tenta fazer o bandido confessar quem era o mandante do crime, o chefe, o cabeça da operação, mas o bandido se nega.
O mocinho encosta a arma no joelho do bandido que está sentado, e ameça atirar, deve doer muito um tiro no joelho. Além de que, é uma região que dependendo do estrago pode ficar inutilizada pro resto da vida. A esposa chora de medo e implora que o mocinho não faça isso. Pra surpresa de todos, o bandido, mesmo nessa situação, se nega a informar.
O mocinho percebe que o bandido prefere correr o risco de não andar mais a entregar a verdade. O mocinho resolve mudar de tática. Ele pensa: "Já vi que não vou conseguir nada assim, esse bandido é durão demais", e passa a ameaçar o que o bandido teria de mais valioso, a esposa.
O mocinho diz: "Agora tenho certeza que vc vai falar, porque se não falar eu vou matar sua esposa".
E o bandido olhando para os olhos da esposa responde: "Sinto muito".
Os olhares da esposa agora são de decepção...
Parece uma coisa boba, mais uma cena corriqueira em mais um filme policial. Mas não é. Me fez pensar um pouco.
O mocinho ela não conhecia, era apenas um bandido que tinha invadido sua casa, ameaçado ela e o marido mocinho, gritado, batido, um ser desprezível com atos desprezíveis. Ela não esperava nada dele.
O marido até então para ela, era o mocinho da estória, o homem com quem ela convivia ha muitos anos, a quem amou, respeitou e se dedicou. Dele sim ela esperava cumplicidade, compaixão e tudo mais.
O mocinho, apesar de ter batido nela, estar enfiando uma arma na sua boca, destruindo seus móveis, manchando seu nome, não a decepcionou.
As únicas pessoas que podem nos machucar e decepcionar são aquelas com quem a gente conta, em quem a gente confia, de quem a gente espera alguma coisa. Desconhecidos não nos decepcionam, a gente não espera nada deles. O português da padaria não vai me decepcionar se não aceitar meu cheque, nem tampouco o cara do posto de gasolina.
Mas pessoas a quem confiamos uma amizade, e olha que nem precisa ser um caso de amor, podem nos decepcionar as vezes com um simples olhar, ou melhor, a falta de expressão nele.
Este texto foi escrito com excesso proposital das palavras mocinho e bandido, talvez pra tentar mostrar que na verdade não importava quem era o mocinho ou o bandido. A ação pré-cena, que no filme determinava o papel de cada um, não foi determinante para o certo e o errado do momento.
P.S.: Domingo, 20/04/08, 04:58, ouvindo "O tempo não para"
Quem num tivé inscutanu num radimdipiia vai perceber que o Frejat colocou o solo de "Wish you were here" no fundo desse arranjo. Vale a pena conferir.
Trem mais isquisito esse sô!!!
04:23
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Cê Num Anima Di Vê Outros Trem Quinêm Esse??? >>
Nadica di nada
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""O leitor que mais admiro é aquele que não chegou até a presente linha. Neste momento já interrompeu a leitura e está continuando a viagem por conta própria.""
Mário Quintana
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